Notícias | A busca por “Eldorado” e as histórias de um explorador inglês afetaram o futuro de Essequibo, hoje alvo de disputa entre Guiana e Venezuela.

| A busca por “Eldorado” e as histórias de um explorador inglês afetaram o futuro de Essequibo, hoje alvo de disputa entre Guiana e Venezuela. |

A busca por “Eldorado” e as histórias de um explorador inglês afetaram o futuro de Essequibo, hoje alvo de disputa entre Guiana e Venezuela.


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A busca por “Eldorado” e as histórias de um explorador inglês afetaram o futuro de Essequibo, hoje alvo de disputa entre Guiana e Venezuela.

Desde a chegada de Cristóvão Colombo à América em 1492, exploradores britânicos como Walter Raleigh foram atraídos para o continente em busca de riquezas. Raleigh, uma figura proeminente durante o reinado de Elizabeth I da Inglaterra, ganhou fama e reconhecimento, embora tenha baseado suas afirmações em mentiras, especialmente em relação ao rio Essequibo, na região da Guiana. No entanto, para entender essa história, é necessário dividir em três partes principais.

Primeiramente, é importante compreender a origem da ideia de Eldorado, que remonta a várias passagens bíblicas e ao desejo dos exploradores de encontrar uma terra repleta de ouro e outras pedras preciosas. Essa mentalidade medieval era influenciada pela interpretação das escrituras e pela crença de que o “Novo Mundo” era um espaço divino e promissor.

Além disso, existiam relatos e lendas entre os povos nativos da América que também falavam de uma terra dourada. A fusão dessas crenças medievais europeias e dos mitos indígenas levaram à existência do mito de Eldorado, uma terra encantada cheia de riquezas.

O entusiasmo dos europeus ao encontrar um cenário exuberante e abundante na América aumentou ainda mais a crença nesse mito do Eldorado. Em contraste com a Europa, que sofria com doenças, guerras e dificuldades, acreditava-se que a América era o paraíso perdido, habitado por povos nativos aparentemente puros e relacionados a Adão e Eva.

Segundo o historiador Sérgio Buarque de Holanda, a ideia do Eldorado era mais comum entre os espanhóis, pois os portugueses já haviam explorado a África e a Ásia sem sucesso na busca por ouro. Portanto, eles chegaram ao continente americano desencantados, enquanto os espanhóis ainda alimentavam a esperança de encontrar essa lendária terra dourada.

Embora Walter Raleigh tenha se aventurado na Guiana duas vezes e tenha encontrado apenas uma quantidade insignificante de metais preciosos, ele decidiu criar uma narrativa fantasiosa afirmando ter encontrado o verdadeiro Eldorado. Essa história fictícia alimentou disputas territoriais entre a Guiana e a Venezuela, contribuindo para manter viva a lenda do Eldorado.

Os exploradores espanhóis no período colonial buscavam a riqueza do Eldorado, mas o ouro que encontraram na América não estava à altura das histórias míticas que ouviram. A lenda do Eldorado se espalhou pela América espanhola a partir de 1530 e durou quase três séculos. A localização desse paraíso da riqueza variava de acordo com os relatos e a crença dos exploradores. A busca pelo Eldorado se estendeu por várias regiões, como Colômbia, Venezuela e América Central.

As terras desconhecidas pelos europeus na Guiana eram consideradas um possível local para o Eldorado. Existiam várias outras lendas de reinos dourados ou prateados na América, o que estimulava a cobiça dos soldados. Walter Raleigh, um nobre inglês, também alimentava o sonho de encontrar o Eldorado. Ele recebeu autorização da rainha Elizabeth para colonizar e explorar territórios não pertencentes a príncipes cristãos. Raleigh se tornou um corsário e organizou expedições para a América, principalmente no norte.

A busca pelo Eldorado era uma obsessão para muitos exploradores, mas a realidade nunca correspondia às lendas. A exploração das Américas trouxe riqueza para as metrópoles europeias, mas não da forma que eles esperavam. O ouro e outros metais preciosos eram importantes, mas o verdadeiro tesouro estava nas terras e recursos naturais que foram explorados e colonizados.

Localizada no litoral do atual estado da Carolina do Norte, a ilha de Roanoke foi o primeiro assentamento de ingleses na América do Norte. A abertura do caminho para a colonização inglesa na região, especialmente na Virgínia, foi atribuída a Sir Walter Raleigh, com o aval da rainha.

No ano de 1594, Raleigh ouviu rumores sobre a existência de uma cidade de ouro na América do Sul. Sem hesitar, organizou uma expedição para verificar a veracidade dessa história. Vale ressaltar que várias regiões na época eram identificadas como Eldorado, com base em diversos relatos indígenas. Esses relatos também eram uma forma dos indígenas resistirem e dialogarem com as ideias dos conquistadores.

Cada expedição de busca pelo Eldorado era altamente sigilosa, cada grupo desejava ter a exclusividade dessa conquista. Isso levou a várias missões, incluindo aquelas com o apoio do estado e outras mais ligadas aos piratas. No caso de Raleigh, seu envolvimento estava dentro do mundo dos corsários, com um apoio financeiro velado ou oficial do Estado. A Inglaterra era especialista nesse tipo de empreendimento, onde parte do investimento das aventuras era patrocinada e a coroa tinha direito a uma parte das riquezas encontradas.

Raleigh desempenhou um papel importante como articulador e convenceu a coroa inglesa da existência do Eldorado. Ele estava imbuído da mitologia baseada no deslumbramento dos espanhóis em busca do paraíso, e decidiu realizar esse intento. Durante a Guerra Anglo-Espanhola, conflito político e religioso entre Inglaterra e Espanha, Raleigh enfrentou dificuldades pessoais, sendo preso por ter se casado secretamente com uma das damas de companhia da rainha.

Para recuperar o favor da rainha e enfrentar os espanhóis, Raleigh lembrou-se dos relatos do Eldorado e convenceu Elizabeth a financiar uma aventura na atual Guiana, onde supostamente havia “um império rico em ouro mais lucrativo que o Peru”. Essa ideia já fascinava Raleigh há anos. Em uma expedição anterior, Raleigh capturou um aventureiro espanhol que compartilhou relatos e mapas com os ingleses, incluindo a história de outro espanhol que foi raptado por nativos e levado a uma cidade dourada, conhecida como Manoa, próxima ao rio Orinoco.

Raleigh partiu em fevereiro de 1595 de Plymouth, na Inglaterra, em direção à Guiana, determinado a encontrar o Eldorado. Sua jornada foi marcada por aventuras e desafios, vinculados tanto à sua busca pelo ouro quanto à guerra contra os espanhóis. Essa missão reflete a mistura de mitos indígenas e a influência medieval presentes nas ideias de Raleigh, que fora capaz de convencer a coroa inglesa a investir nessa empreitada.

A expedição liderada por Raleigh partiu em busca de riquezas na colônia espanhola de Trinidad. No caminho, eles saquearam navios espanhóis e holandeses, obtendo armas de fogo e mantimentos. Quando chegaram à bacia do rio Orinoco, enfrentaram condições climáticas adversas e confrontos com grupos espanhóis. No entanto, ao avistarem o vale do Orinoco, o grupo renovou sua esperança. Eles encontraram indígenas que mencionaram a existência de uma cidade rica, Manoa, o lendário Eldorado. Raleigh avistou o monte Roraima e cachoeiras impressionantes antes de decidir retornar à Inglaterra. No entanto, sua expedição foi considerada um fracasso e Raleigh enfrentou críticas. Para defender sua reputação, ele escreveu um livro exagerando as riquezas da região. Mesmo assim, seu relato é considerado uma obra-prima da literatura de viagens, fornecendo uma visão importante do encontro entre europeus e o Novo Mundo.

Este artigo fala sobre uma expedição liderada por Lawrence Kemys (1562-1618) para a região às margens do Rio Essequibo. O objetivo da expedição era firmar alianças com os nativos e coletar informações para mapear a área. Durante a jornada, Kemys descobriu um lago que acreditava ser o lendário Parime, porém posteriormente foi confirmado que essa lago era apenas uma lenda.

No contexto da sucessão de Elizabeth 1ª, em 1603, Raleigh, parceiro de Kemys, foi acusado de traição e conspiração e foi preso, sendo liberado apenas em 1616. Após ser perdoado pela monarquia britânica, recebeu permissão para liderar mais uma expedição à Guiana em 1617. Durante essa viagem, o grupo de Raleigh atacou um destacamento espanhol no rio Orinoco, violando um tratado entre Espanha e Inglaterra.

Como consequência desse ataque, Raleigh foi condenado à morte por decapitação em 29 de outubro de 1618, no Old Palace Yard, no Palácio de Westminster. Essa sentença foi resultado da pressão exercida pelos espanhóis sobre o rei Jaime 1º (1566-1625).






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