Notícias | A passagem pelo Brasil de Marie Curie, a única mulher laureada com dois Prêmios Nobel

| A passagem pelo Brasil de Marie Curie, a única mulher laureada com dois Prêmios Nobel |

A passagem pelo Brasil de Marie Curie, a única mulher laureada com dois Prêmios Nobel


REPRODUÇÃO/DIVULGAÇÃO

Compartilhe:



A passagem pelo Brasil de Marie Curie, a única mulher laureada com dois Prêmios Nobel

No dia em que Marie Curie, renomada cientista polonesa naturalizada francesa, realizou uma palestra na UFMG, houve uma atmosfera especial. Curie, que ganhou dois prêmios Nobel – um de física em 1903 e outro de química em 1911 – era uma figura ilustre. Ela visitou o Brasil por 44 dias em 1926, chegando ao Rio de Janeiro vinda da França. Durante sua estadia no país, foi recebida por uma comissão de notáveis, incluindo os médicos Juliano Moreira e Roquette Pinto. Acompanhada pela filha e pela presidente da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, Curie foi tratada como uma estrela, embora sempre tenha mantido uma aparência simples.

Marie Curie era conhecida por seu trabalho pioneiro na área da radioatividade, mas também enfrentou controvérsias relacionadas a sua vida pessoal. Apesar de ser uma cientista de renome internacional, Curie teve que lidar com críticas da imprensa devido a seu envolvimento com um homem casado. Mesmo assim, ela concedeu entrevistas e interagiu com jornalistas durante sua estadia no Brasil.

Curie recebeu uma quantia considerável pelo seu trabalho no país, um total de 75 mil francos. Essa quantia equivaleria a aproximadamente 419 mil reais nos dias de hoje. Durante seu tempo livre, Curie descansou em um hotel no Flamengo, enquanto sua filha aproveitou para nadar no mar. Em uma carta para sua filha caçula, Curie elogiou o quarto de hotel, mas reclamou do barulho dos bondes.

A visita de Marie Curie ao Brasil foi memorável e deixou uma impressão duradoura nos locais que ela visitou. Sua contribuição para a ciência e seu legado como uma das cientistas mais importantes da história continuam a ser valorizados até hoje.

No dia 20 de julho, aconteceu uma conferência no salão nobre da Escola Politécnica, transmitida pela Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, a primeira emissora do Brasil. Devido à falta de espaço, muitos alunos não puderam assistir e houve um princípio de tumulto, levando as próximas conferências para o andar térreo da instituição.

Durante sua visita ao Rio de Janeiro, Marie Curie teve a oportunidade de conhecer pontos turísticos da cidade, como o Pão de Açúcar, Corcovado e Jardim Botânico, além de municípios vizinhos, como Petrópolis, Vassouras e Barra do Piraí. Em seguida, Marie Curie foi para São Paulo, onde permaneceu por três dias e fez uma palestra na Faculdade de Medicina, no Hotel Terminus.

Em São Paulo, Marie Curie visitou o Instituto Butantan, viajou até Águas de Lindóia e participou de um baile em sua homenagem. A última etapa de sua visita ocorreu em Belo Horizonte, onde ela se hospedou no Grande Hotel Internacional, deu outra palestra na Faculdade de Medicina e visitou Sabará e Lagoa Santa.

Durante sua estadia no Brasil, Marie Curie também visitou outros países, como Bélgica, Espanha e Tchecoslováquia. Nos Estados Unidos, ela até foi recebida na Casa Branca pelo então presidente Herbert Hoover e, no mesmo ano, assistiu ao casamento de sua filha, Irène, com Frédéric Joliot, com quem ganhou um Nobel de Química em 1935.

Maria Salomea Sklodowska, futura Marie Curie, nasceu em Varsóvia, Polônia, em 1867. Ela perdeu sua irmã mais velha, Sofia, aos sete anos devido ao tifo, e sua mãe, de tuberculose, aos dez anos. Maria foi uma estudante exemplar no Liceu Russo de Varsóvia, recebendo uma medalha de ouro, mas enfrentou dificuldades para continuar seus estudos, já que as instituições de ensino superior não aceitavam mulheres naquela época.

Para continuar sua educação, Maria e sua irmã, Bronia, mudaram-se para a França. Maria trabalhou como governanta para pagar a faculdade de Bronia, dando aulas particulares durante esse período. Aos 18 anos, ela começou a dar aulas particulares para as filhas de uma família em Szczuk, localizada a 100 quilômetros de Varsóvia.

Em 1891, Bronia terminou a faculdade de medicina. Ela convidou Maria e seu marido Casimir para morarem juntos. Maria tinha 23 anos na época e começou a estudar na Universidade de Sorbonne em Paris.

Ela se destacou no curso de física em 1893 e logo foi convidada por um professor para trabalhar em seu laboratório. Foi lá que conheceu seu futuro marido, Pierre Curie. Os dois se casaram em 1895 e tiveram duas filhas.

Durante a semana, Marie e Pierre trabalhavam em seus laboratórios e nos finais de semana passeavam de bicicleta. Em 1903, eles ganharam o Nobel pela descoberta da radiação emitida por minérios de urânio.

Infelizmente, os efeitos da exposição à radiação começaram a afetar a saúde de Pierre, que faleceu em 1906. Marie continuou suas pesquisas e em 1911 ganhou seu segundo Nobel pela descoberta dos elementos polônio e rádio.

Sua pesquisa durou anos e ela enfrentou dificuldades em seu laboratório improvisado. Apesar das conquistas, Marie foi muitas vezes tratada como auxiliar de seu marido e teve que enfrentar críticas por seu envolvimento com um ex-aluno.

Apesar das adversidades, Marie Curie foi uma mulher brilhante que revolucionou a ciência e abriu caminho para futuras gerações de cientistas.

No decorrer de sua carreira, Marie Curie enfrentou perseguições e preconceitos por ser mulher. Além disso, muitas portas foram fechadas para ela e sua filha no campo científico. No entanto, Marie Curie foi pioneira em diversas conquistas, como ser a primeira mulher a receber o título de doutora na França, a primeira professora na Universidade de Sorbonne e a primeira mulher a ser sepultada no Panteão de Paris. Apesar das dificuldades, ela seguiu em frente e se tornou uma inspiração para mulheres na ciência.

Infelizmente, a luta por igualdade de gênero na ciência continua, com apenas 19% dos membros da Academia Brasileira de Ciências sendo mulheres. É importante que as mulheres não aceitem mais o silêncio das instituições e confrontem as desigualdades existentes.

Durante a Primeira Guerra Mundial, Marie Curie se voluntariou para ajudar no esforço de guerra. Ela recolheu doações, treinou enfermeiros e até mesmo convenceu fabricantes de automóveis a transformar carros em ambulâncias móveis equipadas com raios-x. Essas “Pequenas Curies” foram fundamentais para salvar vidas de soldados feridos no campo de batalha por meio da localização de projéteis com a ajuda dos raios-x.

A maior contribuição de Marie Curie para a ciência foi a descoberta de novos elementos radioativos. Essa descoberta não foi um acaso, mas sim resultado de seu meticuloso trabalho científico baseado em hipóteses e conjecturas.

No final de sua vida, Marie Curie sofreu de diversas doenças e faleceu em 1934. Sua dedicação à ciência e sua determinação em superar obstáculos continuam sendo uma inspiração para todos.

A filha do famoso cientista Pierre Curie, Irène Curie, faleceu vítima de anemia aplástica. Sua morte ocorreu em março de 1956, quando ela tinha 58 anos. Outra mulher da família, Ève Curie, também perdeu a vida, aos 102 anos, em outubro de 2007.

Curiosamente, tanto Irène quanto outro membro da família, Frédéric Curie, tiveram suas vidas encurtadas devido à exposição excessiva à radiação.

De acordo com a Unesco, ainda existe uma desigualdade de gênero na ciência brasileira, onde as mulheres são minoria.






Recomendamos


Churraclean

Churraclean

Redsilver

Redsilver

Outras Notícias





Mais Recentes