Bitucas de cigarro podem ser transformadas em celulose reciclada em Praia Grande, SP – saiba como isso é possível
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Bitucas de cigarro podem ser transformadas em celulose reciclada em Praia Grande, SP – saiba como isso é possível
A Prefeitura de Praia Grande, cidade litorânea de São Paulo, está promovendo um chamamento público para empresas interessadas em patrocinar a implantação de caixas coletoras de bitucas de cigarro em diversos pontos do município. Essas bitucas serão coletadas e recicladas, transformando-se em celulose, que será destinada a instituições.
Votorantim, um município de São Paulo, se tornou a primeira cidade brasileira a possuir uma usina de reciclagem de bitucas de cigarro. Desenvolvido e patenteado pela Universidade Federal de Brasília e licenciado pela Poiato Recicla, esse projeto transforma as bitucas em papel. Praia Grande, por sua vez, já possui diversas caixas coletoras para o descarte adequado de bitucas e agora está replicando esse trabalho em outras cidades.
A comerciante Christiane Arima, de Praia Grande, desenvolveu uma bituqueira em um projeto universitário e encontrou a Poiato Recicla, com quem fez uma parceria para melhorar a destinação ecológica das bitucas em vários pontos da cidade. Como a prefeitura não dispunha do valor necessário para o patrocínio, optou-se por abrir um chamamento público para atrair investidores que possam custear as caixas coletoras, que posteriormente serão encaminhadas à usina da Poiato, em Votorantim, para a reciclagem.
A empresa Poiato está buscando parceiros interessados em investir nas bituqueiras até o dia 18 de janeiro, data de encerramento do chamamento público. O contrato com a empresa patrocinadora terá duração inicial de 12 meses, com possibilidade de renovação.
A Prefeitura de Praia Grande ressalta que o chamamento não envolve recursos públicos e será inteiramente financiado pela iniciativa privada. A empresa selecionada terá cinco dias úteis após a divulgação do resultado para apresentar a empresa responsável pelo financiamento. O processo de chamamento e acompanhamento da empresa vencedora está sob responsabilidade da Secretaria de Meio Ambiente.
Cada bituqueira tem um custo médio de R$ 250, e aproximadamente 50 unidades são necessárias. Segundo Christiane, a Poiato será responsável pela instalação dos equipamentos e pela reciclagem. A cada 2.500 bitucas, é possível obter 1 kg de massa celulósica. Somente em 2023, a Poiato já coletou mais de 15 milhões de bitucas de cigarro nas cidades onde atua.
Por se tratarem de espaços públicos, o projeto teve que obter autorização da Secretaria de Meio Ambiente. Christiane destaca que é importante não apenas limpar as áreas das praias, mas também fazer o descarte adequado desses resíduos, pois uma única bituca libera cerca de 8 mil toxinas do cigarro.
Os recursos arrecadados também serão utilizados para a produção de material de divulgação e educação para os moradores e turistas da cidade. A Poiato doará a substância celulósica para instituições e Organizações Não Governamentais (ONGs). Em Praia Grande, parte dessa substância será destinada a mulheres em situação de vulnerabilidade do Núcleo de Assistência Social às Vítimas (Helpp) e à educação pública.
Segundo o biólogo Andreth Oliveira, as bitucas de cigarro representam um grave problema ambiental e para os animais. Esses resíduos demoram cerca de cinco anos para se degradarem, pois são compostos de acetato de celulose, que é de difícil decomposição.
Durante esse período, as bitucas podem ser ingeridas por animais marinhos, causando intoxicação e obstrução no trato digestivo. Isso leva os animais à desnutrição e, em alguns casos, à morte. Além disso, as toxinas presentes nos filtros, como nicotina, alcatrão e resíduos de tabaco, são compostos cancerígenos.
A importância de lidar adequadamente com esses resíduos é crucial para a preservação do meio ambiente e a saúde dos animais. É necessário conscientizar a população sobre o impacto negativo das bitucas de cigarro e promover práticas de descarte responsável.
