Como a ciência explica a existência de animais marinhos na Amazônia, uma vez que a região já foi coberta pelo mar?
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Como a ciência explica a existência de animais marinhos na Amazônia, uma vez que a região já foi coberta pelo mar?
Você sabia que a Amazônia já foi um mar de água salgada no passado? Isso mesmo! Um estudo recente publicado por cientistas brasileiros revelou que fósseis marinhos foram encontrados em locais próximos aos rios Solimões, Javari e Juruá. Essa descoberta causou espanto na comunidade científica, que levou algum tempo para entender a origem desses fósseis.
A pesquisa, liderada pela geóloga Lilian Maia Leandro da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, teve como base o estudo realizado pela geóloga holandesa Carina Hoorn, que tem se dedicado ao estudo da região amazônica. Coletas de materiais feitas na região desde 1998 foram analisadas em laboratório pelo Museu Paraense Emílio Goeldi, coordenado pela bióloga Maria Inês Ramos.
Foram encontrados vestígios de algas e fósseis de crustáceos marinhos, como os ostracodes e foraminíferos, a mais de mil quilômetros de distância do oceano. Isso indica que, em algum ponto do passado, esse mar salgado alcançou a Amazônia. Mas como isso aconteceu?
Vamos voltar ao período do Mioceno, que ocorreu entre 23 milhões e 5 milhões de anos atrás. Nesse momento, a bacia Amazônica possuía uma conexão com o Mar do Caribe, devido à abertura parcial da Cordilheira dos Andes. Além disso, a cadeia de montanhas no Peru não era tão alta como é hoje. Esses fatores possibilitaram a existência de um canal de comunicação entre a região amazônica e o Caribe.
A pesquisa da geóloga Lilian Maia Leandro comparou materiais encontrados no solo amazônico com materiais coletados em outros locais do litoral sul-americano. A análise desses materiais ajudou a identificar a origem desses fósseis marinhos na região amazônica.
Essa descoberta traz novas informações sobre a história geológica da Amazônia e mostra a importância de estudos científicos para compreendermos a evolução do nosso planeta. E quem sabe quais outras surpresas a região amazônica ainda nos reserva?
Pesquisadores descobriram evidências de que a Amazônia já foi um mar. Através de estudos em poços na costa peruana, no mar do Caribe e na foz do rio Amazonas, os cientistas puderam correlacionar e entender como a região amazônica foi formada. Durante o Mioceno, a estrutura da crosta terrestre era diferente, o Rio Amazonas fluía em sentido contrário e a região amazônica era mais baixa, funcionando como uma bacia. Quando o nível do mar aumentava, por conta do degelo anual, a água alcançava a Amazônia, trazendo organismos marinhos.
De acordo com a pesquisadora Lilian Maia Leandro, até agora, as teorias sobre a origem da diversidade na Amazônia eram apenas hipóteses. Pela primeira vez, foram realizados estudos em poços marinhos da mesma idade dos sedimentos da Amazônia, correlacionando fatores geológicos e tectônicos. A Amazônia ainda é um mistério a ser desvendado, mas essa descoberta pode proporcionar novas oportunidades para a compreensão da sua biodiversidade.
Apesar de ainda ser necessário avançar em pesquisas, as mudanças paleoambientais na região amazônica têm influenciado a diversidade local. Além de botos e arraias, são encontrados lá microfósseis, fósseis e carapaças de moluscos que remetem ao antigo mar. Essas descobertas revelam a importância das mudanças paleoambientais na formação da biodiversidade na Amazônia.
A música “Sobradinho”, da dupla Sá e Guarabyra, já eternizava a ideia de que o sertão poderia virar mar, mas agora sabemos que a Amazônia já foi um mar um dia. É surpreendente pensar em como essa região se transformou ao longo dos anos e como isso influenciou a sua riqueza natural.
