Notícias | Impedida de ler pelo pai, jovem da Paraíba é aceita em universidade federal e se torna professora na escola onde retomou os estudos: “a educação mudou meu destino”

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Impedida de ler pelo pai, jovem da Paraíba é aceita em universidade federal e se torna professora na escola onde retomou os estudos: “a educação mudou meu destino”


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Impedida de ler pelo pai, jovem da Paraíba é aceita em universidade federal e se torna professora na escola onde retomou os estudos: “a educação mudou meu destino”

A jornada de Josineide começou ainda em Bayeux, cidade próxima a João Pessoa. A família enfrentava fome e dificuldades financeiras, então decidiram ir para o Rio de Janeiro em busca de oportunidades. Os pais, analfabetos, viam a comida na mesa como prioridade, mas Josineide sentia o desejo de aprender.

Pouco a pouco, ela encontrou formas de aprender mesmo com os recursos limitados. Como primogênita, cuidava da casa e dos irmãos mais novos. Mesmo com a responsabilidade, sua curiosidade a levou a desenhar letras no chão e, finalmente, ela entrou na escola aos oito anos, trazendo um novo brilho à sua vida.

Na escola, Josineide descobriu a alegria de ler e escrever, escapando da monotonia cinza da rotina doméstica. Mesmo sem uma biblioteca acessível, ela buscou nos lixos e teve sorte ao receber livros emprestados de um senhor na feira. As histórias de amor eram suas favoritas, um refúgio secreto das rigidezes do pai.

Ao mergulhar nas páginas dos livros, Josineide encontrou conforto e inspiração para escrever poesias. Mesmo escondendo essa paixão de seu pai, ela continuava a explorar sua criatividade e expressar seus sentimentos através das palavras.

Um retrato da solidão era a realidade cotidiana de Josineide, sua principal companheira. Seus poemas escondidos foram descobertos e queimados pelo pai, em um cenário comum de repressão à expressão feminina. Uma professora refletiu sobre o machismo estrutural que subjuga mulheres na educação. O pai de Josineide interrompeu sua educação e a inseriu no trabalho doméstico precocemente, onde enfrentou abusos e humilhações.

Aos 13 anos, a jovem teve que se dedicar a limpar duas casas, sofrendo abusos como arear uma grande quantidade de panelas. O pai a forçou a trabalhar na casa de outra patroa, sem lhe dar oportunidade de manter sua educação. A rotina exaustiva de trabalho era das 6h às 16h na casa da mãe da patroa e das 16h às 23h na casa da filha da patroa.

Uma história inspiradora de superação e determinação é a de Josineide, que desde cedo enfrentou desafios e dificuldades em sua vida. Recebendo o pagamento do seu trabalho em um pequeno envelope entregue diretamente ao pai, ela enfrentou a falta de recursos materiais mas encontrou refúgio nos livros, que eram seus companheiros nos afazeres domésticos. Apesar de passar dois anos em casas que não podiam ser chamadas de lar, Josineide encontrou o amor e se mudou para São Paulo com o marido, onde trabalhou como diarista, sempre inspirada pelos livros que folheava nas casas em que limpava.

Com o apoio de suas empregadoras e incentivada pelos filhos, Josineide sentiu o desejo de voltar a estudar. Mesmo sem formação, ela tentou um concurso para agente de saúde, sendo aprovada mas impossibilitada de assumir devido à falta de estudos. O incentivo de sua família e a motivação interna a levaram a se matricular em uma turma da EJA, retomando seu caminho educacional quase três décadas depois. Determinada a perseguir seus sonhos, ela buscou a formação em magistério, Letras e Psicopedagogia, graduando-se na Universidade Federal da Paraíba.

Com lágrimas nos olhos de felicidade, Josineide compartilha sua maior realização: trabalhar há 15 anos na mesma escola em que voltou a estudar. Seu caminho de superação e conquistas serve de inspiração para todos que a conhecem, mostrando que é possível transformar a própria realidade por meio da educação e da determinação.

Uma história emocionante de determinação e superação é contada por Josineide, uma dedicada profissional da educação na Paraíba. Trabalhando na mesma escola onde retomou seus estudos após 15 anos, ela reflete sobre a importância da sua trajetória e a influência da educação em sua vida.

Com gratidão pela transformação que a educação trouxe a ela, Josineide busca impactar positivamente outras vidas através do seu trabalho em uma sala de recursos multifuncionais. Priorizando a educação de seus filhos, enfrentou desafios com determinação para garantir que todos tivessem oportunidades de sucesso acadêmico.

O esforço valeu a pena, resultando em um filho médico, uma filha professora, outra atuando na área administrativa, e o mais novo estudando ciência da computação. Orgulhosa dos feitos dos filhos, Josineide vê neles a prova do poder transformador da educação, não importando a origem humilde da família.

Embora tenha alcançado tanto ao longo dos anos, Josineide ainda sonha em ter a própria casa e abrir um espaço para atendimento infantil, visando ajudar aqueles com menos recursos. Se mantendo otimista em relação ao futuro, ela acredita que ainda há muito a conquistar e a contribuir para a comunidade.

Essa história de superação e resiliência nos lembra do valor da educação e das oportunidades que ela pode trazer, independentemente das adversidades enfrentadas. Uma inspiração para todos que buscam realizar seus sonhos e impactar positivamente o mundo ao seu redor.

No passado, as escolas não possuíam uma estrutura formalizada de ensino. Os conventos eram locais onde as moças recebiam instrução em leitura, escrita e atividades domésticas como artesanato e música, sendo frequentados por aquelas deixadas pelos pais ou maridos. Durante o período colonial, as escolas eram controladas pelos padres jesuítas, voltadas para homens brancos de elite.

Com a Reforma Pombaliana, as mulheres obtiveram permissão para frequentar as salas de aula separadas dos homens, porém o acesso à instrução era restrito devido a questões de classe e raça. A chegada da corte ao Brasil em 1808 estimulou a instrução de meninos e meninas em casa para promover a imagem da família.

Apesar da escola ser um ambiente acessível a todos, ainda persistem desigualdades de gênero, como a resistência à presença masculina na educação infantil. O acesso limitado à educação, especialmente para as meninas, pode dificultar a conquista de direitos, pois o conhecimento é essencial para a luta e sobrevivência.

As barreiras para o acesso das meninas à educação incluem entrada precoce no mercado de trabalho, violências diversas, gravidez precoce, preconceitos raciais, de classe e gênero, e famílias desprovidas de condições dignas de sobrevivência. A especialista ressalta a importância de redes de apoio eficazes, educação cultural, e políticas que promovam equidade entre homens e mulheres em todos os aspectos da sociedade.






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