Marinha repreende FURG por revogação de título de doutor honoris causa de ministro da ditadura
Compartilhe:
Marinha repreende FURG por revogação de título de doutor honoris causa de ministro da ditadura
Em uma carta ao reitor da FURG, o Comandante da Marinha, Almirante Marcos Sampaio Olsen, expressou seu desagrado com a decisão de cassar o título honorífico de um ex-ministro, destacando sua contribuição para o Programa Antártico Brasileiro. A Marinha demonstrou indignação com a cassação e defendeu a honra e o progressismo do antigo ministro.
O reitor da FURG, Danilo Giroldo, respondeu a Olsen explicando os motivos por trás da decisão do Conselho Universitário. Reconhecendo as contribuições do ex-ministro para o país, o reitor mencionou a implicação em graves violações dos direitos humanos, como o uso de um navio como prisão ilegal.
Apesar das respostas da Marinha, a FURG manteve a cassação do título e afirmou estar aberta a documentação que possa afastar a responsabilidade do ex-ministro no caso do navio-prisão. Há um convite para debater o tema novamente.
A medida da FURG gerou reações entre empresários locais, com a Aliança Rio Grande considerando-a ideologicamente tendenciosa. A reitoria manifestou indignação com a nota dos empresários, criticando o que considerou desrespeito à universidade.
A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e o Clube Naval também protestaram contra a decisão da FURG, pedindo uma reconsideração e ressaltando a importância de aprender com o passado na construção de um novo futuro.
Um renomado Marinheiro, conhecido como almirante Maximiano, é motivo de repulsa pela FURG por ter desconsiderado suas contribuições para a Ciência no Brasil, segundo a entidade. Nascido no Rio de Janeiro em 1919, Maximiano Eduardo da Silva Fonseca se destacou como militar na Marinha a partir do final dos anos 1930.
Na década de 1960, Maximiano comandou o navio Canopus, que realizou importantes levantamentos da costa sul. Em 1964, após o golpe militar, a embarcação manteve 19 prisioneiros em Rio Grande. Posteriormente, como almirante de esquadra, ele liderou o Ministério da Marinha em 1979 e foi responsável por Operações Antárticas nos anos 1980, incluindo a aquisição de um navio polar e a instalação de uma base na Ilha Rei George. Maximiano faleceu em 1998, no Rio de Janeiro, e hoje empresta seu nome a um navio polar de 93,4 metros de comprimento, com capacidade para 113 pessoas.
Além disso, a FURG também revogou os títulos de doutor honoris causa concedidos a outras figuras históricas, como o ex-presidente Emílio Garrastazu Médici, que governou o Brasil entre 1969 e 1974, e a Golbery do Couto e Silva, que atuou como chefe do Serviço Nacional de Informações e ministro da Casa Civil em diferentes períodos durante os anos 1960 e 1970.