Notícias | O impacto da militarização do combate ao narcotráfico nos países da América Latina: um olhar para o caso do Equador.

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O impacto da militarização do combate ao narcotráfico nos países da América Latina: um olhar para o caso do Equador.


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O impacto da militarização do combate ao narcotráfico nos países da América Latina: um olhar para o caso do Equador.

O Equador recentemente tomou medidas para combater o tráfico de drogas e o crime organizado, com o apoio de milhares de militares destacados no país. Essa intervenção recebeu apoio unânime da Assembleia Nacional e faz parte de uma reforma na Constituição equatoriana que permitiu às Forças Armadas apoiarem a luta contra o crime e as drogas. Essa abordagem de utilizar os militares no combate ao tráfico de drogas não é nova na América Latina, onde muitos países recorreram a essa estratégia devido à pressão dos Estados Unidos e à fraqueza das instituições de segurança e justiça.

O México é um exemplo claro dessa tendência, com o envolvimento do Exército em operações antidrogas desde as décadas de 1970 e 1980. Durante o governo de Felipe Calderón, foi lançada a “guerra às drogas”, com todas as forças militares envolvidas na recuperação de territórios controlados pelo crime organizado. No entanto, essa estratégia revelou-se infrutífera, resultando em um aumento significativo da violência e dos homicídios.

Os Estados Unidos também desempenharam um papel importante no combate ao tráfico de drogas na região, por meio da Iniciativa Mérida, que envolveu o fornecimento de equipamentos militares e apoio financeiro ao México. No entanto, muitos especialistas consideram que a guerra às drogas foi uma experiência fracassada, tendo em vista os resultados negativos e a incapacidade de erradicar efetivamente o tráfico de drogas.

No México, a estratégia da “guerra às drogas” foi inicialmente adotada pelo ex-presidente Calderón para obter legitimidade para seu governo. Infelizmente, essa política foi mantida nos governos subsequentes, incluindo o atual governo de López Obrador.

Assim como no México, a Colômbia tem uma longa tradição de uso da força militar contra o tráfico de drogas. Nos últimos anos, o Exército ganhou mais destaque nessa área, especialmente após a implementação do Plano Colômbia, no qual os EUA reforçaram a capacidade militar do país com financiamento.

No entanto, o papel do Exército colombiano vai além do combate às drogas, envolvendo também a insurgência. Essas duas questões estão intrinsecamente ligadas na história do país.

Ao longo dos anos, houve importantes avanços no combate a líderes de grupos insurgentes, como as Farc e o ELN. No entanto, também ocorreram escândalos, como o caso dos “falsos positivos”, no qual executaram extrajudicialmente civis, fazendo parecer que eram guerrilheiros.

A militarização nas operações contra o tráfico de drogas também foi observada em outros países da América Latina, como Brasil, Venezuela, Guatemala e Honduras. Recentemente, El Salvador também utilizou o Exército para enfrentar gangues ligadas ao tráfico de drogas e ao crime organizado, resultando em redução da violência, mas com denúncias de violações dos direitos humanos.

No Equador, há a preocupação de que ocorra uma militarização semelhante, baseada em um “estado de exceção permanente”, que pode gerar resultados iniciais positivos, porém questionáveis a longo prazo.

Avaliar os resultados dessas incursões militares é complicado, pois é difícil atribuir exclusivamente a elas os avanços obtidos, em comparação com outras forças de segurança envolvidas no combate ao tráfico de drogas.

O governo do Chile decidiu enviar o Exército para a fronteira norte a fim de combater o tráfico de drogas. No entanto, esta medida gerou resultados mistos, de acordo com especialistas. Por um lado, os militares conseguem controlar áreas dominadas por grupos criminosos e capturar membros de alto escalão dessas organizações. Por outro lado, os militares não possuem a formação adequada para interagir com a população civil, o que pode levar a violações de direitos humanos.

A militarização da segurança cidadã pode ser problemática, como observado em países como México e Colômbia. A resposta improvisada e desproporcional no uso da força nunca é a estratégia mais adequada para combater a violência na sociedade. Além disso, a militarização também leva ao fortalecimento dos traficantes de drogas, que estão se armando cada vez mais com minas terrestres, drones e aeronaves.

Essa militarização dos criminosos está relacionada ao enfraquecimento do comando civil e da política. Onde há muito crime, os militares assumem o controle, enfraquecendo a democracia. Essa tendência de militarização não parece estar diminuindo na América Latina, como evidenciado pelas declarações de governos como Colômbia e México, que confiam cada vez mais no Exército para combater o tráfico de drogas.

Espera-se que essa estratégia se intensifique, com mais treinamento e armamentos para as atividades relacionadas ao combate às drogas. No entanto, é importante considerar os impactos sociais, políticos e de direitos humanos dessa abordagem, bem como buscar soluções mais abrangentes e eficazes para enfrentar o problema do tráfico de drogas na região.






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