Padre Júlio Lancellotti vira centro de polêmica e impulsiona a disputa eleitoral em São Paulo através de CPI

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Padre Júlio Lancellotti vira centro de polêmica e impulsiona a disputa eleitoral em São Paulo através de CPI
Um vereador de direita em São Paulo propôs a abertura de uma CPI para investigar organizações filantrópicas, incluindo o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (Bompar), que é associado ao padre Júlio Lancellotti. Essa acusação gerou uma grande mobilização de apoio ao padre nas redes sociais, com artistas, políticos e até mesmo o ex-presidente Lula manifestando seu apoio. No entanto, alguns vereadores que haviam assinado o pedido de CPI voltaram atrás, alegando terem sido enganados. Apesar disso, a iniciativa da CPI está em andamento e aguarda avaliação para ser enviada ao plenário da Câmara Municipal. Esse tema já começou a movimentar o debate eleitoral na cidade de São Paulo, uma vez que a eleição para o Executivo e para o Legislativo ocorrerá em outubro.
O prefeito Ricardo Nunes, que busca a reeleição e o apoio dos conservadores e do bolsonarismo, teve que se manifestar sobre o assunto. Além disso, outros pré-candidatos, como Guilherme Boulos e Tábata Amaral, também defenderam o padre Júlio. A proposta da CPI foi vista por cientistas políticos como uma tentativa de mobilizar um eleitorado conservador em busca de visibilidade para a eleição municipal – uma interpretação que o vereador Rubinho rejeita.
Em entrevista, o vereador afirmou que o foco da CPI não é investigar o padre Júlio, apesar de tê-lo mencionado em suas redes sociais ao falar sobre a proposta. Ele alega que o pedido foi feito a partir de solicitações de várias ONGs e do Conselho de Segurança da cidade. As chances de a CPI ser instalada ainda estão em análise, mas isso certamente impactará nas eleições municipais.
Um vereador de São Paulo está enfrentando resistência ao propor a abertura de uma CPI para investigar ONGs de uma região específica da cidade. A oposição tem politizado a questão, tentando desviar o foco para a figura do padre Júlio Lancellotti. O vereador, no entanto, está determinado a seguir em frente com a proposta da CPI, apesar da pressão e da retirada de assinaturas por parte de seus colegas de Câmara.
O vereador conta com o apoio do presidente da Câmara, que também está ciente de acusações graves contra o padre Júlio e pretende levá-las ao Vaticano. No entanto, especialistas acreditam que a mobilização em defesa do padre e a repercussão midiática podem levar os vereadores a votarem contra a proposta da CPI.
A Arquidiocese de São Paulo e o cardeal dom Odillo Scherer manifestaram apoio ao padre Júlio, questionando as razões por trás da tentativa de instalar uma CPI contra alguém que trabalha com os pobres e não recebe dinheiro público para seu trabalho. Esses posicionamentos têm sido comemorados pelos apoiadores do padre nas redes sociais.
O cientista político Cláudio Couto argumenta que o vereador enfrenta uma briga com a Igreja Católica, o que poderá ter consequências políticas negativas. No entanto, também ressalta que esse discurso pode lhe render um nicho de eleitores.
O vereador reconhece que a oposição dos católicos à CPI pode prejudicar sua imagem, mas afirma que tem o compromisso ético e moral de cumprir seu dever de investigar. Ele destaca que a CPI focará na atuação das ONGs como um todo e busca entender quem são os agentes ligados a elas.
A abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o padre Júlio Lancellotti, conhecido por seu trabalho com pessoas em situação de rua e dependentes químicos, pode afetar a corrida eleitoral para a Câmara dos Vereadores de São Paulo. A visibilidade gerada pela cobertura da imprensa pode beneficiar os candidatos envolvidos no caso, levando a um possível aumento de apoio nas redes sociais. Esse destaque pode ajudar Rubinho, vereador que propôs a CPI, a ser lembrado pelos eleitores durante a votação.
Para os eleitores com tendência mais conservadora e ligados ao bolsonarismo, o discurso de Rubinho pode ser atrativo, enquanto Júlio Lancellotti, que tem uma abordagem progressista e defende a diversidade sexual, é mais identificado com a esquerda. Apesar de ter apoio virtual e popular nas ruas de São Paulo, Lancellotti enfrenta oposição de grupos de moradores do bairro onde atua, que o acusam de atrair violência e pessoas em situação de rua.
Entretanto, especialistas acreditam que o impacto da CPI na eleição para prefeito de São Paulo é improvável. O prefeito Ricardo Nunes, que manifestou apoio ao padre e questionou a instalação da CPI, conta com o apoio do Partido Liberal (PL) e do presidente Jair Bolsonaro. Além disso, outros pré-candidatos a prefeito, como Ricardo Salles e Kim Kataguiri, não se manifestaram sobre o tema até o momento.
No geral, o vereador Rubinho está aproveitando a visibilidade gerada pela CPI para se reconectar com sua base eleitoral e mobilizar seus apoiadores. Essa estratégia pode ser benéfica para ele, mas também gera custos políticos para outros vereadores, como Thammy Miranda, que afirmou ter assinado o pedido de CPI sem saber da inclusão do nome do padre Júlio.
A BBC News Brasil entrou em contato com o prefeito Ricardo Nunes para comentar o caso, mas não obteve resposta até o momento da publicação deste artigo.
Segundo a imprensa, o prefeito Ricardo Nunes terá um encontro com o padre Júlio na próxima semana. A prefeitura divulgou que Nunes não interfere nas decisões da Câmara e busca manter a independência entre o Executivo e o Legislativo.
Nunes espera ter o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro em sua reeleição, mas está sendo cauteloso ao falar sobre isso, pois não teria vantagens se o debate eleitoral se concentrar nas políticas para a Cracolândia. No entanto, o prefeito foi obrigado a abordar o tema quando provocado por Guilherme Boulos, pré-candidato à prefeitura de São Paulo pelo PSOL.
Boulos acusou Nunes de não cuidar das pessoas em situação de rua e elogiou o trabalho do padre Júlio na assistência a essas pessoas. Nunes rebateu, acusando Boulos de apoiar um governo da Nicarágua acusado de violações aos direitos humanos.
A pré-candidata Tabata Amaral (PSB) também manifestou apoio ao padre Júlio, criticando a CPI das ONGs e afirmando que é um movimento oportunista que não enfrenta com seriedade o problema da Cracolândia. Ela ressaltou a importância de lutar contra esse absurdo.
Uma pesquisa sobre a corrida eleitoral em São Paulo mostra que Boulos lidera com 29,5% das intenções de voto, seguido por Ricardo Nunes com 18% e Ricardo Salles com 17,6%. Tabata Amaral tem 6,2% e Kim Kataguiri tem 5,3%. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais.