Problemas enfrentados por inquilinos brasileiros ao alugar imóveis em Portugal devido à discriminação.
Compartilhe:
Problemas enfrentados por inquilinos brasileiros ao alugar imóveis em Portugal devido à discriminação.
Um grande número de brasileiros tem escolhido Portugal como destino para uma melhor qualidade de vida. Segundo dados do governo português, até setembro deste ano, mais de 392 mil brasileiros manifestaram interesse em morar no país. No entanto, existem relatos de discriminação por parte de proprietários de imóveis, que se recusam a alugar para brasileiros.
Um exemplo é o caso de Márcia Alcantara, advogada transferida para Portugal pela empresa em que trabalhava. Mesmo com todo o suporte da empresa, ela teve uma experiência negativa ao tentar alugar um imóvel. Um dos proprietários, ao saber que ela era brasileira, se exaltou e fez generalizações negativas sobre os brasileiros. Apesar da intervenção de uma corretora local, que explicou seu perfil e situação, Márcia decidiu não alugar o imóvel devido ao desrespeito.
De acordo com Amanda Barreto Mello, corretora brasileira que atua no mercado imobiliário em Portugal, há restrições comuns aos brasileiros por parte dos proprietários, como a ideia de que são barulhentos e colocam mais pessoas nos imóveis do que o permitido. No entanto, ela também observa que houve uma mudança gradual na mentalidade desses proprietários ao longo dos últimos anos, principalmente em Lisboa, onde muitos brasileiros de classe média alta têm se estabelecido.
Apesar disso, Amanda revela que já escutou de proprietários que não queriam alugar para brasileiros, mencionando até mesmo preconceitos raciais. As principais dificuldades enfrentadas pelos brasileiros na hora de alugar um imóvel em Portugal são a falta de um fiador, a ausência da declaração do imposto de renda e a falta de um contrato de trabalho.
A portuguesa Ana Aires Pereira, corretora de imóveis, confirma as dificuldades relatadas pelos brasileiros, mas ressalta que essas questões são comuns a pessoas de qualquer nacionalidade que não possuam comprovação financeira ou histórico suficiente para locação.
Em suma, apesar do crescente interesse dos brasileiros em Portugal, ainda há relatos de discriminação por parte de alguns proprietários na hora de alugar um imóvel. As dificuldades enfrentadas pelos brasileiros estão relacionadas a questões financeiras e burocráticas, como a falta de fiador, declaração do imposto de renda e contrato de trabalho.
Mesmo com a demanda crescente por aluguéis em Portugal, muitos proprietários ainda têm exigências complicadas de serem cumpridas pelos inquilinos, inclusive os portugueses. A ausência de um fiador é um dos obstáculos mais frequentes, levando os senhorios a pedir três meses de renda adiantada, duas cauções, um fiador e contrato de trabalho estável. Essas condições podem ser difíceis de serem atendidas por quem acabou de chegar do exterior.
Antonio Valente, um investidor imobiliário português, aluga seus imóveis para estrangeiros, desde que tenham a documentação correta, emprego e renda adequada, além de um fiador. Ele afirma que não discrimina pela nacionalidade dos inquilinos, inclusive aceita brasileiros. No entanto, ele também teve experiências ruins com alguns inquilinos, inclusive brasileiros, que deixaram de pagar o aluguel ou causaram danos aos imóveis. Esses incidentes podem fazer com que os proprietários desconfiem dos inquilinos estrangeiros.
A Associação Nacional dos Proprietários (ANP) se recusa a comentar sobre a resistência de proprietários portugueses em relação a inquilinos brasileiros, alegando a falta de dados sobre o assunto. A ANP é uma organização formada por proprietários que lutam por seus direitos e contra a exploração de suas propriedades.
Uma jornalista brasileira relatou um caso de xenofobia vivenciado por ela com uma proprietária angolana. A proprietária a criticava constantemente por sua vestimenta, culinária e comportamento, e até controlava o tempo que ela levava no banho. Situações como essa podem ser denunciadas à Comissão Para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR) do governo português, que oferece apoio jurídico gratuito aos imigrantes. É possível fazer uma queixa através do site ou da linha de apoio ao migrante.
