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Quilombolas enfrentam empresa britânica por impactos ambientais na Chapada Diamantina


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Quilombolas enfrentam empresa britânica por impactos ambientais na Chapada Diamantina

Na região de Piatã, situada na Chapada Diamantina, Estado da Bahia, um conflito persiste entre moradores de duas comunidades quilombolas – Bocaina e Mocó – e a empresa de mineração Brazil Iron, de origem britânica. Os pequenos agricultores próximos à mina relatam danos ambientais como poluição, soterramento de nascentes e prejuízos à saúde devido à exploração do minério de ferro.

A Brazil Iron defende sua exploração como sendo sustentável, destacando uma abordagem de “mineração verde” com menor uso de carbono. A empresa alega ter encontrado depósitos importantes de ferro, crucial para a produção de trens e carros elétricos. No entanto, enfrenta processos judiciais da Defensoria Pública da União e do Ministério Público da Bahia.

Recentemente, cerca de 80 famílias locais apresentaram uma queixa em um tribunal em Londres, buscando compensação por impactos ambientais e danos à saúde causados pela mina. Após a interrupção das operações da Brazil Iron e a interdição da mina pelo governo da Bahia, a empresa busca retomar suas atividades na região e expandir sua mineração para outros locais na Chapada Diamantina.

Enquanto isso, a prefeitura de Piatã comemora os benefícios financeiros gerados pela presença da empresa britânica, incluindo a criação de empregos, melhoria econômica local e recebimento de royalties. A população da cidade está dividida em relação à mineração, com parte apoiando e outra resistindo à presença da indústria na região.

Uma líder comunitária chamada Catarina Oliveira da Silva, de 52 anos, está desafiando uma empresa mineradora desde que ela iniciou suas operações em 2019 na cidade de Bocaina. Catarina traz à tona a história triste de sua família, que remonta à escravidão, e expressa preocupação sobre a continuidade de conflitos. Ela relata casos de poluição causados pela mineração, como o assoreamento do rio Bebedouro, afetando as nascentes locais. Além disso, ela compartilha a triste história de ver seu sonho de construir um pesque-pague ser destruído pelos rejeitos da mineração.

Catarina descreve como a empresa de mineração impactou diretamente sua vida e de sua comunidade, levando-a a se engajar em ações legais. A lentidão da justiça brasileira motivou a comunidade a processar a empresa não no Brasil, mas na Inglaterra. Essa decisão foi tomada após anos de espera por uma resolução justa. Catarina menciona que a pressão sobre a empresa é alta e que buscar justiça internacional pode trazer mais força ao seu movimento de resistência.

O geógrafo Rogério Mucugê Miranda alerta sobre os impactos da mineração nos rios da Chapada Diamantina, destacando a importância crucial dessa região para o abastecimento de água na Bahia. Ele critica o modelo de mineração que está sendo implementado, rotulado como sustentável e verde, enquanto na prática traz consequências negativas para o meio ambiente e as comunidades locais. Miranda questiona se é justificável destruir rios em nome de um suposto desenvolvimento sustentável.

Uma pesquisa realizada por pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) identificou a presença de chumbo, fósforo, manganês e zinco em amostras da água do rio Bebedouro, utilizado como fonte de abastecimento para a população local. As concentrações desses minérios excediam os limites recomendados por órgãos ambientais, indicando a necessidade de monitoramento e estudos mais aprofundados sobre o impacto da mineração no solo e na água.

A empresa Brazil Iron contesta qualquer ligação da mina com a poluição e assoreamento do rio Bebedouro. O gerente de meio ambiente da companhia, Rafael Genú, afirma que seus monitoramentos internos não apresentaram indícios de impacto ambiental. A empresa alega ter programas de monitoramento da água, qualidade do ar e vibração que não apontam interferência direta nas questões mencionadas.

Com a atividade de mineração, houve um crescimento significativo de empregos e estabelecimentos comerciais na região de Piatã, mas agricultores locais relataram problemas decorrentes das constantes explosões e da poeira gerada durante as operações. Além de impactar as plantações e a saúde das pessoas, a poeira de minério afetou a produção agrícola e causou desconfortos respiratórios em moradores, incluindo crianças.

Em resposta às queixas dos moradores, a empresa ofereceu exames médicos gratuitos, mas alega não ter recebido evidências de problemas de saúde relacionados à mineração. Contudo, há relatos de agricultores que abandonaram suas plantações devido aos impactos negativos, como a morte de culturas e problemas respiratórios.

Em 2020, parte dos moradores protestou contra a mineração em Piatã, mas a manifestação foi dispersada com gás lacrimogêneo pela Polícia Militar. A empresa Brazil Iron destaca que adota práticas de “mineração verde” em sua produção de aço, apesar das controvérsias em relação aos impactos ambientais e sociais observados na região.

Uma empresa de mineração, situada na região da Chapada Diamantina, encontra-se em destaque por sua nova tecnologia de produção de ferro briquetado a quente, visando reduzir as emissões de carbono. Utilizando energias renováveis, como solar e eólica, a companhia busca impactar positivamente o meio ambiente. Apesar de manter mais de 30 solicitações para expandir suas operações na região, a empresa assegura seu compromisso com a sustentabilidade e a participação comunitária.

O diretor de meio ambiente da empresa, Rafael Genú, destaca a abordagem sustentável da Brazil Iron, ressaltando a importância da mitigação de impactos, do monitoramento ambiental e da transparência. Após enfrentar desafios passados, como o desmatamento em áreas sem autorização, a companhia busca demonstrar seu compromisso com práticas responsáveis e respeito ao meio ambiente.

Inicialmente autorizada para um estudo de impacto ambiental, a Brazil Iron avançou para a fase de lavra experimental em Piatã, com planos para explorar comercialmente a reserva de ferro. Contudo, questões sobre a produção relatada pela empresa geraram polêmica, resultando em investigações por órgãos como o Ministério Público e a Defensoria Pública. A empresa afirma que seus números estão corretos e busca esclarecer qualquer equívoco nas instâncias jurídicas.

Enquanto o setor da mineração destaca os benefícios econômicos para a prefeitura de Piatã, como a arrecadação de royalties, questões relativas aos impactos ambientais e comunitários geram debates. Enquanto alguns celebram os ganhos financeiros, outros levantam preocupações quanto aos danos causados. O envolvimento de entidades públicas e ações judiciais indicam a complexidade do cenário em torno da Brazil Iron e suas operações no país.

Em uma cidade beneficiada por verbas da União, o prefeito destacou a importância do dinheiro recebido do Cefem para realizar diversas melhorias, como a construção de escolas, posto de saúde, ciclovia, quadras esportivas e parte de um estádio municipal. Ele ressaltou que, sem esses recursos, não seria possível alcançar tais feitos apenas com o FPM.

O prefeito também abordou a questão do licenciamento e fiscalização ambiental da mineração, afirmando que não possui poder sobre esses aspectos, que ficam a cargo de órgãos ambientais estaduais e federais. Ele expressou preocupação com a promessa de criação de 15 mil empregos pela Brazil Iron para a cidade, questionando se seria viável absorver tantas pessoas em uma localidade de 20 mil habitantes.

Em meio a essa discussão, Erivelton Sousa Silva, um dos funcionários da Brazil Iron, compartilhou sua experiência positiva na empresa. Ele destacou a oportunidade de emprego e a satisfação de poder permanecer perto da família, algo que considera inestimável. Erivelton mencionou que, apesar das desconfianças da comunidade, a mineração trouxe benefícios tangíveis, como emprego formal e a chance de viver próximo aos entes queridos.






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